Semana passada, depois de muito tempo, comprei um fascículo
da revista Veja (edição de 15 de maio de 2013). Como sempre tem muita abobrinha,
mas a que mais me revoltou foi a reportagem “Índio quer tumulto”, de Otávio
Cabral (a reportagem pode ser lida aqui e aqui).
Eu entendo a crítica que o autor faz às ONGs e aos ativistas
que lutam contra tal obra faraônica e não quero entrar nessa discussão aqui. Eu
normalmente sou uma pessoa que se apega aos detalhes e tem uma frase nesta
reportagem que me chamou a atenção: “Mas
um problema com o qual os construtores não contavam é o que vem dando mais
trabalho agora: as invasões do canteiro de obras [...] executadas por índios[...]”.
Uma afirmação dessas só pode ser brincadeira; ou este repórter é um moleque de
15 anos ou não tem profissionalismo algum na hora de escrever seus textos. Não
é possível que esse cara não se lembre da índia Tuíra? Eu era um
pré-adolescente naquela época, mas me lembro bem dela e de seu facão no 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu,
realizado em Altamira (PA), em Fev/1989. Não é possível que os construtores (e esse repórter)
realmente achavam que os índios (e as ONGs, os movimentos sociais, etc.) iriam ficar
parados na plateia assistindo a construção desse behemoth sem fazer nada?
Simplesmente mudar o seu nome não resolve a questão dos índios. Até o nosso
ex-presidente Luiz Inácio já se colocou contra a sua construção (apesar de ter mudado
de ideia depois), por que os indivíduos realmente afetados por ela não poderiam
lutar pelo que acham correto?
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Índia Tuíra desafia o presidente da Eletronorte, José Antonio Muniz, durante o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, enquanto ele apresentava sobre a obra de Belo Monte. |
Esses construtores e seus políticos têm muita sorte que os nossos índios não
têm um cacique como foi o chefe sioux Touro Sentado em sua juventude, senão o facão de nossa
índia teria voltado manchado para casa.
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