Lançamento do mangá "Nikkei"

Evento de lançamento do mangá Nikkei - Implacável Natureza Mestiça, do Instituto dos Quadrinhos

No dia 09 de maio passado foi a cerimônia de lançamento do Mangá Nikkei, de Guilherme Raffide e Leandro Casco. A HQ foi selecionada em 2010 pelo ProAC – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo. A entrega estava prevista para 2011, mas por motivos adversos seu lançamento só aconteceu agora, quatro anos depois.

Os mestres Guilherme Raffide e Leandro Casco

O roteiro e as ilustrações são da dupla Guilherme Raffide e Leandro Casco, com algumas páginas colorizadas por Márcio Menyz.

Através de narrativas paralelas, é contada a estória de Shingen Dendô, um imigrante japonês que aportou no Brasil nos idos de 1908, e de sua bisneta Débora Dendô.

Deb é uma adolescente de 17 anos e sua estória é contada na época em que comemoramos os 100 anos da imigração japonesa no Brasil. Os autores fizeram bastante pesquisa e rechearam a sua ficção com fatos históricos.

Estudo de layout e nanquim originais da obra.

 As ilustrações são fenomenais, o que não poderia ser diferente vindo de dois professores do Instituto dos Quadrinhos.
Os estudos de layout foram todos feitos em A5 e depois passados para A3, onde a arte final foi feita em nanquim tradicional. A arte final foi digitalizada e passada para o programa Manga Studio, onde foram adicionadas as retículas.
Neste trabalho, os autores resolveram fazer de uma forma menos convencional. Ao invés de uma ilustrar uma parte do HQ e o outro a outra parte (tipo um faz a estória de Shingen e o outro a da Deb), eles optaram por os dois fizeram tudo juntos. Isso obviamente fez o processo ser mais lento, mas trouxe mais satisfação para a dupla.

Aquarela de Leandro para separar capítulos.

Nas ilustrações é possível identificar referências das obras que acompanharam os autores durante o seu desenvolvimento. Eu não sou nenhum grande conhecedor do gênero, mas pude ver alí Akira e Gantz. 
Inclusive tem até uma ilustração de uma caminhão de distribuição com o logo do Instituto do Quadrinho. Será que isso é algum indício de planos futuros do Klebs Junior? (rs) Acho que algumas editoras podem gostar da ideia! (rs)
Além dessas ilustrações tradicionais do gênero, o Leandro também fez algumas aquarelas que são usadas nas divisões de capítulos. Embora os trabalhos originais sejam coloridos, na HQ eles são impressos em preto e branco.

Em suma, apesar do atraso em relação ao projeto ProAC, a obra ficou sensacional, com ilustrações de impacto e um roteiro que te deixa interessado em ver mais da estória de Deb, ou do passado de seu bisavô Shingen. Leitura recomendada para quem gosta do gênero.

Eu já garanti o meu fascículo. Adquira o seu também na Impacto Quadrinho ou nas livrarias.

Só tem um detalhe na obra que eu apanhei para me acostumar. Eu vinha de uma seqüência de leituras de mangás. Tinha acabado de ler o arco completo de Omega Complex, dois volumes de Queen's Blade e o primeiro volume de Green Blood. Este foi o primeiro mangá ocidental que eu li, mas nem percebi isso, fui direto para a primeira página da direita e comecei a "ler" da direita para a esquerda! Obviamente não fez sentido algum. (rs) Levei um tempo para me encontrar e perceber que os dois tinham feito a escrita da esquerda para a direita, como é regular aqui no acidente. Na sequencia deste eu li o mangá O 14º Dalai Lama - Uma Biografia em Mangá, de Tetsu Saiwai, e descobri que esta abordagem não é novidade.