domingo, 19 de maio de 2013

Veja quer tumulto

Índios Mundurucus invadem o canteiro de obras da usina de Belo Monte. Ação foi fator motivador da reportagem "Índio Quer Tumulto", escrita por Otávio Cabral e publicada na revista Veja. (foto Lunae Parracho/Reuters)
Semana passada, depois de muito tempo, comprei um fascículo da revista Veja (edição de 15 de maio de 2013). Como sempre tem muita abobrinha, mas a que mais me revoltou foi a reportagem “Índio quer tumulto”, de Otávio Cabral (a reportagem pode ser lida aqui e aqui).
Eu entendo a crítica que o autor faz às ONGs e aos ativistas que lutam contra tal obra faraônica e não quero entrar nessa discussão aqui. Eu normalmente sou uma pessoa que se apega aos detalhes e tem uma frase nesta reportagem que me chamou a atenção: “Mas um problema com o qual os construtores não contavam é o que vem dando mais trabalho agora: as invasões do canteiro de obras [...] executadas por índios[...]”. Uma afirmação dessas só pode ser brincadeira; ou este repórter é um moleque de 15 anos ou não tem profissionalismo algum na hora de escrever seus textos. Não é possível que esse cara não se lembre da índia Tuíra? Eu era um pré-adolescente naquela época, mas me lembro bem dela e de seu facão no 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, realizado em Altamira (PA), em Fev/1989. Não é possível que os construtores (e esse repórter) realmente achavam que os índios (e as ONGs, os movimentos sociais, etc.) iriam ficar parados na plateia assistindo a construção desse behemoth sem fazer nada? Simplesmente mudar o seu nome não resolve a questão dos índios. Até o nosso ex-presidente Luiz Inácio já se colocou contra a sua construção (apesar de ter mudado de ideia depois), por que os indivíduos realmente afetados por ela não poderiam lutar pelo que acham correto?
Índia Tuíra desafia o presidente da Eletronorte, José Antonio Muniz, durante o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, enquanto ele apresentava sobre a obra de Belo Monte.
Esses construtores e seus políticos têm muita sorte que os nossos índios não têm um cacique como foi o chefe sioux Touro Sentado em sua juventude, senão o facão de nossa índia teria voltado manchado para casa.
Tuíra (dir), líder da tribo indígena Kayapó, fala para Aloysio Guapindaia (esq.), diretor da Funai, durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, em Brasília (DF) que discutiu a implantação de Belo Monte em Dez/2009. (AP Photo/Eraldo Peres)
Não sei por que eu ainda insisto em comprar essa revista!

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