sábado, 26 de janeiro de 2019

Revista Refluxo

Esses dias eu fui de ônibus trabalhar e tive a oportunidade de ler a revista Refluxo com calma. Cara, gostei muito da publicação! Espero que os organizadores se empolguem e deem sequencia ao projeto. Achei que ficou MUITO melhor que aquela “Space Opera”, da Draco. Seguem alguns comentários.

A primeira história (roteiro de Thiago Felix e arte de Fralvez) eu acho que não entendi direito, por isso acho que não consegui aproveitar o máximo dela. O desenho é legal, a forma como ela desenvolve é legal, mas entendi nada no final. Desculpe aí, autor!

A segunda história, de Sérgio Duarte, eu já aproveitei melhor. Entendi a relação com a história original de João e Maria. O desenho do cara é interessante, mas tem alguns pontos que me chamaram a atenção. Por exemplo, no primeiro quadro da segunda página da historia, as duas crianças estão exatamente na mesma pose! Não é nada de grande, mas quebra um pouco a naturalidade da ação. Coisa de cara chato, como eu. Mas a história é boa.

A terceira história, do Samuel Sajo,  acho que foi a que eu mais gostei. Apesar de o desenho destoar um pouco dos outros, achei que o roteiro ficou bem encaixado na revista. Nesta leitura eu observei uma coisa que me chamou muita a atenção. Em alguns quadros o chuveiro está desenhado bem centralizado e simétrico. Lembrou muito alguns enquadramentos que o Kubrick fazia do HAL 9000 em “2001 – Uma Odisseia no Espaço”. Ver aqueles quadros me fez sentir a mesma agonia que eu senti quando assisti ao filme pela primeira vez. Foi interessantemente desconfortável ler esta história.

A quarta história, do Bruno Soares,  eu também gostei muito, mas achei que o cara deu uma enrolada no começo. Para mim, ficou parecendo que ele queria causar impacto com a última página da história, forçando-a para uma página par da revista, então deu uma enchida de linguiça na primeira página. Eu achei aqueles “serzinhos de bulbos de lâmpadas” muito infantil e destoou com o restante da história. Ele não precisava mostrar aquilo, bastava citar que teve um incidente com a antena, e pronto. Se ele queria enrolar a história para encaixar as páginas, então que explorasse mais a rotina do astronauta, ou o ambiente que ele vive, ou até mesmo mostrando mais de como o cara mandou a sonda para a pessoa do outro lado. Acho que isso teria funcionado melhor para mim, do que ter usado aquelas lampadazinhas. De qualquer forma, ainda é uma boa história

Gostei das “charges” inseridas, são bem criativas e cheias de “Easter Eggs”; cada vez que se olha, percebe um detalhe novo. Vale muito a pena se deixar levar pela curiosidade e pesquisar um pouco sobre eles. Gostei também da página final imitando as propagandas das revistas antigas.

A capa ficou bem interessante; eu entendi a relação com os meninos jornaleiros de antigamente, que vendiam o jornal nas ruas. No entanto, o desenho para mim ficou parecendo um pouco Turma da Mônica. Se um dos artistas participantes não tivesse me falado que era ficção científica para adulto, eu teria achado que era uma revista para crianças. Para uma primeira edição da revista, acho que a capa poderia se preocupar um pouco mais com esta relação que ela faz do seu conteúdo.

Gostei também da entrevista. Me identifiquei com algumas coisas que o entrevistado falou. Além disso, me faz lembrar as revistas de antigamente (como a Revista Asimov), que traziam matérias e entrevistas em seu conteúdo. No entanto, eu nunca tinha ouvido falar do cara. Isso pode ter dois lados. Para mim foi bem interessante para conhecer esse artista e pesquisar um pouco mais sobre sua obra (inclusive descobrir que ele já fez um Ugrito). No entanto, se analisarmos pelo lado da resita, acho que para uma primeira edição, os organizadores poderiam ter se preocupado em trazer uma entrevista com alguém mais renomado na área. Hoje não é muito complicado conseguir uma entrevista por email com algum escritor de ficção. Além disso, tem os eventos, onde sempre se consegue falar com os caras. Não estou menosprezando o Victor Bello (o cara que eles entrevistaram), mas acho que a entrevista poderia ser mais um chamariz para a revista (sabe, igual aquele povo que comprava a Playboy só para ler a entrevista... Kkk).

Ou seja, de forma geral, curti pacas a revista. Histórias curtas, de leitura rápida, inteligentes, desenhos legais, formato legal. Histórias cumprindo o seu papel como ficção científica, pegando um aspecto da nossa realidade e extrapolando-o dentro de uma realidade ficcional, convidando o leitor para pensar o assunto. Espero ver mais.

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